Forças Armadas dizem à Funai que não vão retomar buscas por avião desaparecido com indígenas
Aeronave transportava piloto e sete indígenas e sobrevoava área entre o Amapá e o Pará.
O Governo Federal, através das Forças Armadas, descartaram a possibilidade de retomar qualquer tipo de busca pela aeronave de pequeno porte que desapareceu com piloto e uma família com sete indígenas em 2 de dezembro de 2018 durante um voo entre a aldeia Mataware, no Parque do Tumucumaque, e o município de Laranjal do Jari, no sul do Amapá.
A área chegou a ser sobrevoada pela Força Aérea Brasileira (FAB) e monitorada pelo Exército durante 14 dias, mas foram suspensas sem nenhum vestígio encontrado. O pedido para a continuidade da procura foi feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp).
Em oficio enviado à Funai, as Forças Armadas reiteraram o esforço feito, mas que não será feito nenhum novo voo em busca da aeronave desaparecida.
“O ofício das Forças Armadas e seus anexos informa, em resumo, que foram cumpridos os protocolos de busca e esgotadas as possibilidades de localizar a aeronave, resultando no encerramento das buscas à aeronave”, diz trecho do documento assinado em 31 de janeiro.
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Área provável da queda fica em região densa e de difícil acesso — Foto: Grayton Toledo
Mesmo com a falta de respostas, os familiares dos indígenas pretendem buscar no Ministério Público Federal (MPF) que os voos sejam restabelecidos na área onde provavelmente o avião teria caído, que fica no município de Almeirim, no Pará.
“Recebemos com tristeza essa informação por parte da Funai. Não concordamos com essa decisão, vamos discutir com a associação dos indígenas que representa a aldeia Mataware para decidir sobre isso”, lamentou Kutanan Waiana, coordenador executivo da Apoianp.
Logo após a suspensão das buscas, ainda em dezembro, voluntários formados por indígenas e garimpeiros decidiram procurar por conta própria na mata, sem sucesso. Um novo grupo ingressou na floresta no início de janeiro, mas também não obteve qualquer pista sobre a aeronave, de prefixo PT-RDZ.
A viagem, que partiu no domingo (2 de dezembro) e fez a última comunicação às 12h06, foi contratada pelos indígenas para fazer o trajeto entre a aldeia Mataware e Laranjal do Jari.
O monomotor era pilotado por Jeziel Barbosa de Moura, de 61 anos, que era experiente em sobrevoar a área. Para a família, o sentimento de angústia e dor pelo fato de não haver qualquer sinal do avião desaparecido na Floresta Amazônica.
“Nossa esperança era esse deles [Forças Armadas] retornarem. A gente fica sozinho aqui porque não tem mais ninguém procurando. Meu pai se deu como desaparecido e está sendo difícil demais para a família. Os voluntários disseram que não encontraram nenhum vestígio”, lamentou.
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Piloto Jeziel Moura, do monomotor que desapareceu na Amazônia — Foto: Flávia Moura/Arquivo Pessoal
Desaparecimento
A região é de difícil acesso e o transporte aéreo é a única forma de se chegar às aldeias. Em função da geografia da região, a maior parte do trajeto é feito em território paraense, pela cidade de Almeirim.
A bordo estava uma família de índios Tiriyó: professor, esposa e três filhos, uma aposentada e o seu genro; além do piloto.
De acordo com Kutanan Waiana, a contratação de pequenos aviões para transporte entre aldeias é comum na região, com viagens que custam entre R$ 3 mil e R$ 10 mil.
No dia 4 de dezembro, a Fundação Nacional do Índio (Funai) caracterizou como “clandestino” o voo. A falta de pistas autorizadas na região e a não comunicação da viagem, segundo a Funai, apontam a irregularidade. Flávia assegurou que o pai estava com as documentações regulares para pilotar.
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Local de sumiço de avião na Floresta Amazônica — Foto: Arte/G1
Fonte: G1